Biografia

O artista autodidata Will, mineiro de BH, vem criando um universo bastante particular em suas pinturas. Suas imagens urbanas carregam mensagens políticas, onde nada é tão óbvio quanto parece ser, mas ainda assim é possível decifrar as quase verdades nas quais as pessoas tentam se apoiar. A aglomeração das cidades que desumanizam e engessam emoções, os sonhos tênues que convivem no mesmo plano que a realidade, o afeto teatral das relações que tentam sobreviver em meio à geometria daquilo que quer delimitar para desunir. A figuração de pessoas negras, são uma marca bem forte do artista, colocando essas pessoas em locais normalmente aceitáveis em uma sociedade estruturalmente racista.

Seus trabalhos já foram expostos em diversas exposições, dentre elas: FIQ BH, Sesi Minas, Mama Cadela e Piolho Nababo (2015 – BH); Casa Camelo Galeria de Arte, Sesc Palladium, Quarto Amado e Viaduto das Artes (2016 – BH); Olhar e Sentir, Viaduto das Artes (2017 – BH); Preto no Branco – Muquifo: Museu dos Quilombos e Favelas Urbanas, Quer que Desenhe? – Mama Cadela, Desetiqueta – Palácio das Artes (2019 – BH). Artista convidado para a residência Arrudas Pesquisa em Artes (2021 – BH).

Vi a arte como uma forma de poder expressar minha indignação contra as mazelas e desgraças sociais. Na arte eu encontrei um certo tipo de voz que poderia levar reflexão para as pessoas e mostrar coisas importantes que a maioria da sociedade não vê ou não entende como funcionam.

A partir do momento em que eu comecei a desenvolver esses trabalhos e tive a convicção de fato de que eu poderia passar sim essa mensagem, eu tive certeza de que isso era uma coisa que eu queria muito para a minha vida, que fosse parte dela ou que a minha profissão fosse ser artista plástico de fato. Mesmo antes de ficar por conta só da arte e tendo um trabalho fixo, era assim que eu me via.

Me interessava muito qualquer tipo de arte, eu ficava deslumbrado quando via como as pessoas poderiam fazer uma figuração com tanta perfeição, mas eu inconscientemente tinha um gosto pelo tipo de arte que passa sentimentos e produz pensamentos. Fiquei muito tocado ao ver trabalhos figurando pessoas negras e eu gostava de um grotesco, do tosco, do trash. Porque era simples no olhar mas complexo e reflexivo. Busco algo que seja rústico e ao mesmo tempo belo, passando por vários suportes e estilos. Gosto de como a arte é organizada e gosto de ir percebendo a sua desconstrução e como eu consigo fazer com que um todo vá se diluindo pouco a pouco, até tudo se misturar e se perder. Gosto do incômodo, do disfuncional, da permissividade ao erro, sem muitas regras, de um não padrão acadêmico!  Sou o que sou!

Minha trajetória começou na infância ao replicar desenhos animados, desenhos aleatórios e de observação. Na pré-adolescência eu conheci o pixo, e foi pura adrenalina, deixar a minha marca naquele portão bonito que eu não tinha em casa, interferir na estética daquela casa grande e bonita que eu não tinha! A emoção de ser pego a qualquer momento me deixava muito fascinado pela coisa.

Em 2011 passei a frequentar o baixo centro cultural e a ter contato com os lambs, que me chamaram muito a atenção. Meu amigo Froid Caco já estava fazendo esse rolé, daí conheci o Desalixo, no Espaço Estilingue, e retornei aos desenhos, dessa vez com uma idéia de protesto, desenho de protesto. Em 2014 comecei a fazer parte do Piolho Nababo, bar e galeria de arte, e fui desenvolvendo pintura, desenho, zines, pixos. O Piolho Nababo foi uma grande escola pra mim no fazer artístico, conheci os principais artistas de Belo Horizonte e esse convívio foi a minha graduação em artes, comecei a ver a coisa de uma forma mais profunda e fui buscando aprimoramento, fazendo pesquisa de cores, escalas tonais, composição, dentro desse processo, iniciei minha pesquisa de identidade e fui inserindo isso na minha vida como um todo. Passei a ver o mundo com um olhar de um artista negro periférico vivendo dentro de uma estrutura social desigual e falida, estruturalmente racista.

Minha pesquisa é a desconstrução da imagem branca cisgênera européia e machista que a arte tem. Trago isso para uma outra realidade, levo isso para um outro contexto, para ressignificar essas pessoas mais afetadas e lugares afetados, transformando tudo em uma única coisa que gere sentimentos múltiplos e reflexão nas pessoas. O pensamento decolonial me interessa muito e é parte da minha pesquisa, assim como África e América Latina.

Exposições e outras atividades

2021

– Residência artística no Arrudas Pesquisa em Artes, juntamente com os artistas Warley Desali (Desalixo) e Alisson Damasceno. 6 de Junho a 13 de Agosto;
– Edital Festival Camelo, proposta coletiva com os artistas Marcel Diogo (Curadoria) e Estandeslau.

 

2020

– Integrante do Projeto Afro, São Paulo – SP.

 

2019

– Exposição Preto no Branco. Muquífo: Museu dos Quilombos e Favelas Urbanos. Belo Horizonte. ,Organização Produção, curadoria e exposição de trabalhos;
– Organização e curadoria e exposição de trabalhos. Colabh31. Exposição Quer que desenhe? Galeria Mama Cadela, Belo Horizonte;
– Exposição mostra Desetiqueta. Palácio das artes – Fundação Clóvis Salgado, Belo Horizonte.

 

2017

– Exposição olhar e sentir. Viaduto das artes – Barreiro, Belo Horizonte. Curadoria, organização e exposição.

 

2016

– Exposição na galeria Quarto Amado. Evento: Existimos. Belo Horizonte. – Exposição na Galeria Salão Irmão Sol, Cidade de São João Del Rei/Minas Gerais;
– Exposição Ode ao natal. Ateliê Camila Lacerda. Belo Horizonte;
– Criação do coletivo colabh31;
– Produção, exposição e fotografia no evento Queimão de arte. Edifício Arcângelo Maletta em Belo Horizonte;
– Exposição no restaurante Quay, Belo Horizonte;
– Organização e curadoria da exposição; Expõe BH. Viaduto das Artes no Barreiro – Belo Horizonte;
– Exposição de pinturas no Saldão Casa Camelo galeria de arte, Belo Horizonte;
– Produção, fotografia e exposição. Evento no SESC PALLADIUM em Belo Horizonte.

 

2015

– Exposição no FIQ BH- parque Municipal de Belo Horizonte, convidado pela revista e editora A Zica;
– Produção do evento FIQ FORA realizado com a editora e revista a zica, artista plástico Warley Desali. Viaduto Santa Tereza;
– Produção, exposição e fotografia no evento Piolho Nababo Saldão de Natal. SESI MINAS Belo Horizonte;
– Produção e execução do evento Punk, Reggae, Ska, coletivo Roodboss Sound System. Local Piolho Nababo;
– Produção, organização e exposição da primeira mostra de publicações independentes de Belo Horizonte. Parceria com o coletivo Estilingue, 4y25 e artistas independentes convidados. Edifício Maletta, Belo Horizonte;
– Exposição de zines e lambe, lambe no evento rock no mercado, realizado no Mercado das Borboletas, Belo Horizonte;
– Organização, Produção e exposição na galeria Mama Cadela. Mega Saldão Piolho Nababo;
– Exposição individual (Will) e Lançamento do seu primeiro Zine. Local, Piolho Nababo;
– Exposição no evento Não Onda com lançamento do segundo Zine, parceria com a revista e editora A Zica.

 

2014

– Produção do show das bandas Ereção de Elefante, Possuídos e Ameaça Cigana no Espaço Teatro Espanca, Belo Horizonte;
– Organização do lançamento do clip do coletivo Ajipanca. Local Piolho Nababo.